quinta-feira, março 29, 2012

Eu Salto

Aqui tem um pouco de tudo
Tem crença e descrença
Quem para e avança

Compra-se ouro
Vendem-se almas
Trocam-se olhares

Gente sentada em baixo das arvores
Dormindo no esgoto ou
Em prédios absurdos

Condomínios de luxo
Na fronteira com favelas desmedidas

Tem amor pra quem ama
E ódio ninguém nega também.

Grito, melodia, ruído
Canto do pássaro e do moribundo

Felicidade e tristeza
Idéias, culturas borbulhando

Há vida por todo lugar
Pra quem se importa com tudo

E pra quem só olha para o próprio pé
Tem também.

Gente muda, cega
Sem braço e sem perna

Há a safadinha noturna 17
Que lhe faz de tudo
Pra garantir um dinheiro
Antes do final do mundo

Gente inteligente de pensamentos mil
Outras tantas que mil são as preocupações

Indigente sorrindo indiferente
De baixo do teto feito de via duto

Milagre e Luto
Morte e vida

Serve para quem só se faz chorar
Mas tem espaço para o sorriso

Há ousadia, dança, abuso
Rebeldia, restos e susto

Tem um monte de migalhas para os pombos
E nada de migalhas de pombos para tanta gente

Tem rato, aranha, pássaro branco e escuro
Até urubu pintado de verde
Em cima do muro.

Arranha o céu nublado
Arrasta a pele no banco de praça

Vastas ruas ligadas
Ligando as rosas dos ventos sujos

Tem helicóptero, avião, carro
Sapato bicicleta e descaso

Ar imundo, seco, úmido
É a terra de quem não ama
Mas também a terra de todo amor do mundo

Um paradoxo
Do microcosmo do pão com café
Na padaria do seu Julio

Arte e inflamação
Mentira e Verdade

Superficial, profundo

Eu paro:

Reluto

E com tudo eu salto

Nestas multireflexões

São Paulo.