quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Miragem de nós VII

Tantos os momentos felizes, quanto os momentos que nos fizeram chorar, passaram. Se você me perguntar o que resta, não vou dizer apatia. Nós ainda temos a batida do coração, os sonhos não realizados e a ajuda que gostaríamos de dar para as pessoas.

Nós ainda temos a respiração que acompanha nossos pensamentos e que uma hora ou outra nos faz sorrir ou chorar. Muitas vezes esqueci a razão de ser e estar aqui e acompanhei um fluxo que não me pertencia, me deixei levar só para ver até onde ia este fluxo, e o que aconteceu? Encontrei-me em uma situação na qual minha mente me obrigava a tentar lembrar a razão de ser e estar aqui. Ou seja, não adianta tentar fugir disto.

Como o fluxo de um rio que invariavelmente leva qualquer objeto inanimado para a queda de uma cachoeira. Felizmente, sempre no último momento consegui acordar e me segurar em alguma coisa, uma ideia, uma pessoa ou um sonho, até poder chegar em terra firme. Muitas vezes acordei só depois de ter caído. Quantas vezes você não me jogou a corda para me trazer de volta? Molhado, parado olhando o rio correr, arrastando tudo. Todas as vezes que isto acontecia eu sentia que tinha mudado. E logo as respostas que procurava eram outras.

O que faz chorar ou rir, depende da personalidade de cada um, de como encaramos os fatos no mundo. E em uma dessas reflexões a beira do rio, cheguei a conclusão que a personalidade não existe. A personalidade é uma prisão criada pela sociedade que faz com que as pessoas queiram ser umas mais interessantes que as outras. E se o caso é ser interessante, quem dita a regra do que é ou não interessante? A sociedade.

O motivo pelo qual tantas pessoas têm medo da mudança, é que ninguém quer deixar de ser quem acredita ser, mas a simples pergunta "Quem é você?" apavora tanta gente. Ou talvez eu seja o único que não saiba responder.

O caso é que não há como não mudarmos pois estamos constantemente evoluindo. A evolução aparece em cada segundo, de forma intensa ou despreocupada, porém sempre espontânea. Se tentarmos brecar esta evolução devido ao medo, somos levados pelo fluxo e arrastados como um objeto inanimado por seguidas quedas.

Se não existe personalidade o que existe então? Não sei dizer, mas eu poderia dizer que existem os outros. Em um intervalo entre os momentos felizes e tristes, neste momento onde não estamos preocupados somente com nós, podemos observar melhor os outros. E vendo desta maneira, sem pretensão de ser mais interessante que alguém, nós percebemos que embora não seja tão fácil descobrir a razão de ser e de estar aqui, pois a perguntas sempre mudam, uma resposta nunca deixa de fazer sentido: poder  ser a pessoa que joga a corda para alguém que não consegue sair do rio.

Esta resposta é como um norte para mim, quando estou quase esquecendo o que me traz aqui, eu paro.
E observo o fluxo.