Aqui tem um pouco de tudo
Tem crença e descrença
Quem para e avança
Compra-se ouro
Vendem-se almas
Trocam-se olhares
Gente sentada em baixo das arvores
Dormindo no esgoto ou
Em prédios absurdos
Condomínios de luxo
Na fronteira com favelas desmedidas
Tem amor pra quem ama
E ódio ninguém nega também.
Grito, melodia, ruído
Canto do pássaro e do moribundo
Felicidade e tristeza
Idéias, culturas borbulhando
Há vida por todo lugar
Pra quem se importa com tudo
E pra quem só olha para o próprio pé
Tem também.
Gente muda, cega
Sem braço e sem perna
Há a safadinha noturna 17
Que lhe faz de tudo
Pra garantir um dinheiro
Antes do final do mundo
Gente inteligente de pensamentos mil
Outras tantas que mil são as preocupações
Indigente sorrindo indiferente
De baixo do teto feito de via duto
Milagre e Luto
Morte e vida
Serve para quem só se faz chorar
Mas tem espaço para o sorriso
Há ousadia, dança, abuso
Rebeldia, restos e susto
Tem um monte de migalhas para os pombos
E nada de migalhas de pombos para tanta gente
Tem rato, aranha, pássaro branco e escuro
Até urubu pintado de verde
Em cima do muro.
Arranha o céu nublado
Arrasta a pele no banco de praça
Vastas ruas ligadas
Ligando as rosas dos ventos sujos
Tem helicóptero, avião, carro
Sapato bicicleta e descaso
Ar imundo, seco, úmido
É a terra de quem não ama
Mas também a terra de todo amor do mundo
Um paradoxo
Do microcosmo do pão com café
Na padaria do seu Julio
Arte e inflamação
Mentira e Verdade
Superficial, profundo
Eu paro:
Reluto
E com tudo eu salto
Nestas multireflexões
São Paulo.
2 comentários:
"os bares estão cheios, de almas tão vazias, a ganância grita, a vaidade excita... devolva a minha vida e morra afogada em seu prórpio mar de fel, aqui, ninguém vai pro céu..."
No fim, São Paulo diz: Obrigado por notar.
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