sábado, abril 23, 2011

Ao cair da noite

Ao cair da noite
O céu estava nublado

Mas a lua surgiu na madrugada
Iluminando o asfalto
E a calçada molhada

As luzes dos postes
[Amarelas] casas

O apito do guarda noturno
Ecoa por algumas quadras

E nos cantos escuros das praças
Dormem solenes
Pessoas desabrigadas

As poças refletem
Pontas de prédios
Onde bóiam tortas
Bitucas amassadas

Uns dormem em cima
De colchões envoltos
De grossos edredons

A maioria se esconde
Dentro dos jornais
Da semana passada

Que publicam
Em largos títulos
Palavras que dizem nada
Que não passam de papel

O carro roncando impaciente
Levando das ruas
Sua amante de aluguel

Alguns passos ritmados pela calçada
Uma mulher fumando na varanda

Mistérios modernos ainda pairam
Sobre o céu e terra

O vento sopra
A esquina dobra

O povo joga
O mesmo roubado jogo
Que julga o outro

E quando finalmente todos acordam

Nada
E
Tudo

De novo.



Um comentário:

brunodiniz disse...

gosto de ler o que tu produz, devia postar mais =D