terça-feira, novembro 27, 2007

Zumbindo Da Rua.

Era de manhã
Quando uma pequena abelha
Voou sobre minha cabeça
Enquanto tomava meu café na cozinha

Zuniu e pousou por todo canto pousavel...

E após analisá-la bem

Levantei-me e a segurei dentro de um copo
Com um pano sobre minha mão
Para que ela, assustada, não deixasse metade de seu estomago em minha mão

A levei até as plantas de meu jardim

Percebi então
Que se tratava de uma abelha velha
Então a pus ao sol da manha.
E fiquei com ela como fico com a minha avó

Não voou nem
Ficou refletindo pensamentos de abelha
No fim de seus dias dourados

Com olhinhos brilhosos do sol refletido
E seus pelos já grandes...

Ai, ai... Deu vontade de conversar com ela
Mas ela parecia cansada, e não queria conversa

Deixei-a lá, sozinha.

Voltei para minha cozinha
E deixei o copo na pia.

Pois pensei que o copo estaria sujo...

Não por ela ter vindo de fora
Mas por ela ter voado em minha cozinha.

quarta-feira, outubro 31, 2007

Carta Marcada

Era uma vez, em um dia X, na hora exata... --

E simplesmente.
A simples mente
Viu-se surpreendida.

De rostos próximos
Que formam cálices
Transbordados
De vinho e sabedoria

De um suspiro.
Vai-se da loucura à sanidade.

Da intensidade
Destrói-se a realidade.

Simples mente, mente.
Mente Mentiras de mentirinhas
De pernas de pau

Até minha paciência na cozinha

Foi quando a personagem
Interpretou o ator

Da saga da dama
Das canções, dor.

Das notas dissonantes
Inicia-se certa harmonia
Do olhar - instante

Da percussão e o sopro
Na umbra do quarto
Teu rosto

Sobrevivi, graças ao teu ar

Sobre-vivi com você
No apartamento 21

Quando percebi
A vontade guiou minhas pernas
Que seguiram infinitas escadas

E subi.
Assim como se toca o espírito
Através da carne

E as armas
Não existiam mais.

Assim como
O monocromático
Tombado para trás.

Eu pequei
Tu pecaste
Ele pecou

Agora tanto faz.

De bobeiras sussurradas
Ao pé de ouvido
De grandes filosofias bizarras
Faladas baixinho.

A epopéia do sátiro e uma ninfa
Harpas, launge e Citaras.

E alguém ouviu a explosão
De Duas almas se chocarem

Abraço, enlace e sou todo ouvidos
Colo, beijo, afago.

E o beijo faz
Os devaneios se calarem

O mundo se calou.
Deus respeitou.
A madrugada se orgulhou
A lua invejou

Nós.

E jogada no ar.
A dança

Das cócegas
Gargalhadas de criança

Numa simetria perfeita
Quando o sol surgiu
Em uma luz constante mente
Intensa

Liguei a cachoeira e parti

Removemos
Restos de tapete persa

Re-movemos nossas vidas

O sol teimou em surgir
As portas teimaram em abrir

Até um ultimo Momento
Você aqui.

Até o ultimo trago
O dia e um Motivo Claro.

Amei de uma maneira
Que durante uma noite inteira
Nunca irei
Amar alguém.

 



5 segundos para dizer...

quinta-feira, outubro 25, 2007

E Chove.

Venha, aproveitemos essa tarde esquecida no calendário, sente-se aqui do meu lado e vamos desfrutar desse silencio da sala muda, que se cala para escutar a suave chuva lá fora.
Sentemos lado a lado e observemos a chuva que dança com o vento no quintal. Repare nas gotículas de água que se chocam no vidro, e deslizam como bailarinas até seu destino.
As nuvens escureceram a sala, mas, não ligue as luzes... Perceba a penumbra misteriosa que envolve as cores, tons de cinza circundam os cantos.
Ascendi à lareira ao nosso lado, desse modo, ficamos brilhando em tons avermelhados oscilantes do fogo que dança junto a chuva.
Esta escutando esse trepidar do fogo? É ele agradecendo ao frio por poder ser útil, nos esquentando, um acordo entre os opostos.
E nossas duvidas, e os nossos medos, nesta tarde, dão uma trégua. A chuva não traz apenas tristeza, e dias de sol não trazem necessariamente alegria. Nós nos fazemos de todo um modo, dando um tempo ao tempo.
A sua companhia aqui do meu lado, é muito agradável. Eu agradeço a você por poder desfrutar isso comigo.
E a chuva fica um pouco mais forte, é como se ninguém a estivesse vendo, ela dança sem pensar, ela existe para ela agora e faz a sua parte no mundo.
Assim como eu e você. Eu existo para você agora e você pra mim e o mundo para nós. E fazemos assim parte de um todo magnífico.
Não, a solidão não é triste. Todos nós somos solitários por sermos únicos no mundo. E logo, não nos sentimos tão sozinhos por existir tanta gente se sentindo assim. È isso, todos nós somos uma parte única que monta um universo transcendente. Todo para qual tem seu objetivo.
Segure a minha mão. Olhe-me nos olhos. Tudo vai dar certo. Abrace-me. Beije-me os lábios.
E fiquemos assim, imóveis, agora, como parte pensante do ambiente. Nossos corpos agora se fundiram com um todo. E nossas mentes se misturam com a chuva. E aliados do silencio, nessa tarde esquecida no calendário. Prometemos um para o outro que nossos dias não serão mais esquecidos.
Vamos sempre guardar lembranças das nossas frações de vida em dias aparentemente perdidos.
Fique aqui comigo por mais alguns minutos. Amanha haverá um mundo lá fora lhe chamando para a guerra. Descanse por ora.
E aprenda hoje com a chuva, a fazer sua parte, seja em qualquer tempestade e a dançar conforme a musica. A musica dissonante que o mundo rege. E a sua mais perfeita melodia composta, aquela que você segue, quando rege o teu sonho.

sexta-feira, setembro 28, 2007

Templo Passado


Vai se passando assim pelas ruas até.
De frente pro templo, tempo passado.

Passando pelas velhas coisas no velho quarto
Deixando a mão sobre a mobília empoeirada
Enquanto passa.

A poeira que dança sincronizada
Que pelo feixe de sol, localizada

A luz que entra, por que entra.
Por que a janela esta aberta
E não teria como ela não estar ali
Está lá sentindo que apenas esta
Fazendo seu trabalho...
Em mais um canto da casa, tarde.

A poeira fica nos dedos.
Nos retratos na cabeceira
Nas batentes, nos momentos

Os passos lentos que fazem
O pó levitar.
Do chão ao teto.

No olhar atento
Sobre coisas passadas
Da antiga casa

Porta, janela, rádio. Deitados no sofá
Vendo o mundo passar

Em pequenos beijos particulares.
Sussurros.

Sala, vasos, quadros,
Em uma disposição engraçada.

Tapete, lâmpada, manchas, juntos no corredor.
Abraço.

Terra, rua, quintal, corrida na chuva.
Mãos seguradas.
Sorrisos.

Sol, parede, janela fechada
Escuro no quarto, dia lá fora.
Segredos.

O feixe de sol, alerta que já é dia.
Mas respeita com a cara encostada
Na janela fechada, de tarde...

...demais.

Sala, chave, caixas cheias lacradas.
Porta fechada, portão entre aberto
Pegadas de lembranças pra fora.
Casa vazia.
Rumos distintos.

Vai se passando pela rua
De costas pro templo, tempo passado.
Lagrimas.

quinta-feira, agosto 23, 2007

Queda ao céu

Nas margens de um templo
De um reino esquecido

As mãos voltadas ao céu
Ensandecidas

Olhar vibrante do coração
Inebria o caminho

De um tiro ao espaço
Atiro-me as rochas

Vagas, as sereias vagantes
Entre descrenças de um mundo

Entre dor e prazer de uma queda
No fundo das águas
Profundezas da incompreensão.

Subo aos céus.

E olho de baixo a cima
De cima a baixo
Por traz da estrutura construída

Amor e crença
Pecado e perdão
Dor e estases de felicidade

Entre o sangue do meu corpo
Misturam-se nele, águas e estrelas.
Acho que vi Ismalia sorrindo

Viro ar, viro terra, alimento, pedra
Água e calor, combustível, fóssil, torpor

Entre reinos esquecidos
Ergo as mãos ensandecidas
E clamo por perdão da vida
De quem ainda está adormecido.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Alheio

Há dias em que me torno alheio a tudo, ao espaço e a falta dele. Exilados dos sensos básicos de noções existenciais.
Alheio as igrejas que na frente passo. Alheio as lojas que vende roupas e sapatos, distante dos carros e maquinas e de olhares gananciosos.
Desligado do material e do espiritual, pois é como se minha alma , entediada do meu corpo, saísse para dar uma volta.
Não vejo sentido nenhum entre beleza ou feiúra, corrupção ou honestidade, boas roupas ou trapos, ou mesmo nos modos das pessoas.
Mesmo que a cada instante todas as pessoas estejam fazendo pequenas escolhas, mesmo todas as pessoas tendo suas diferenças e preferências, nesse dias, diante de tudo isso, a única coisa que sinto, é toda uma indiferença.
Passam-me inertes olhares intencionados, amizades, sorrisos, lagrimas, besteiras, péssimas manias, covardia ou coragem. Vez ou outra nesses dias ,quando alguém consegue dirigir a palavra para meu corpo, eu não respondo, não consigo e não me esforço para poder responder. Desinibidas ou desconcertadas que as pessoas fiquem ,eu não ligo.
Indiferente diante do dia e da noite, do sol e da chuva. Se o vento derruba folhas ou arvores, levanta sementes ou telhas. Se o mundo vai superaquecer ou se quebrar em duas partes.
Vejo-me livre de crenças, dogmas, filosofias, artes, pensamentos, pecado ou perdão.
Alheio aos sentimentos, alheio ao amor e a raça.
Não faz pra mim nenhum sentido a imagem de Deus ou a imagem do Diabo.
Se os rios correm ou param as mentes, se matam baleias ou se matam inocentes.
Que toque a musica ou não, pois nem o silencio me toca.
Boiando, pairando, de olhos abertos diante da pobreza imensa ou a riqueza contrastante.
Morte ou vida. Estamos sonhando? Isso tudo é real? Não ligo para nada disso. Não vejo mistérios e nem vejo motivos em nada obvio. Grandes mensagens, grandes mentes, ídolos mundiais, nacionais, santos ou macumbas.
Da opressão a revolução, causas nobres e distintas.
Não dou a mínima entre uma moça de família ou uma prostituta.
Entre dominante e dominado, um cão ou pessoas com boa cabeça e cultas.
Faz sentindo nenhum tudo isso, e nem posso dizer se está tudo certo ou tudo errado, pois, nessas horas, eu nem quero saber.
Proporciona-me um olhar sem poesia, sem curiosidade por falta de interesse, sem compaixão, sem tardes amanteigadas pelo sol.
Mesmo assim, existe muita poesia em não ter poesia.
Nada me deixa triste, nada me deixa feliz, nada me faz sorrir ou chorar. Não tenho preguiça e nem tenho animo.
A falta de, não significa, ter o oposto do que não sinto, do que não tenho, do que não vi.
Não ei de odiar só por que não amo. Simplesmente me vejo alheio a isso, só isso. Ao universo. Não me sinto alienado nem atento a nada.
Vejo daqui, o que todos chamam de infinito. Ali está o infinito e o universo e aqui estou eu. Não faço, hoje, parte do ciclo.
Recosto-me em algum lugar, e ligo meu cigarro de fumaça.
Sinto-me sentindo algo.
È o meu espanto a importância que dou ao fato... Ao fato... De não me importar com nada.
Contemplo então, seguro de não ser humano esses dias, o frágil pedestal envolto de infinitos pensamentos humanos, e deuses criados por vocês, onde sua consciência e existência estão, delicadamente, apoiadas.

quarta-feira, agosto 08, 2007

Ravior Rimbaund Beleare

Dispara tiros mudos no restaurante, sobre a acústica ressonante de uma opera.
Gritos vazios sem som, e corpos tombando, sobre mesas fartas de comidas caras.
Apenas a opera em cena musical. Regozijos de dor eram nulos.
Ravior frio como os pólos, busca a cozinha.
O espanto paralisante do cozinheiro francês, inerte, sentindo a bala trespassando seu coração. As duas pequenas ajudantes choram e gritam, em companhia da cantora de opera, tudo tão lento e triste. Tentam em vão correr o mais rápido que podem, em busca de um lugar seguro. Mas não existe lugar seguro para Ravior.
Seus corpos caem no chão com murmúrios de vida e anseios não realizados, pois a partir daquele momento, os anjos a buscam soprando trombetas.
Ravior, por um momento, para, pra apreciar as trombetas tristes da opera.
Ajeita elegantemente seu terno com riscas vermelhas, e abaixa seu chapéu, guarda a sua arma.
Após acertar seus óculos, Ravior deixa claro.
Não deviam regular o queijo, os deliciosos queijos para o macarrão.

segunda-feira, agosto 06, 2007

Menina dos Olhos

"Oi Menina"
E ela respondeu com um sorriso
E devolvi o sorriso em dobro.

Menina, dos olhos.
Café na cama. Passos por ilhas.
Bares e vertigens, amor ébrio.
Beijos arriscados, fantasia.
Para ela. Paralelas. Poesia.

Só, que.
Uma fração, de incoerência.
Receios falhos

Menina dos olhos
De um poeta.

E partir, sem dar a chance de um futuro.

"Adeus menina."
E ela me respondeu com lagrimas.
E devolvi com lagrimas em dobro.

quinta-feira, agosto 02, 2007

Confesso-te

Confesso-te

As lembranças que tenho
Não são nada além
Do que fotos amareladas com o tempo

Arrebato certa dor
Que também se fez em sépia

E os dias... Que dias!
Tornam-se traças
Que devoram os detalhes

Eu, que outrora vivi
Que outrora chorei
Que outrora ri e amei

Agora
Do âmago de minh'alma

Confesso-te

Que no presente momento
Nada mais
Arranca-me um suspiro do peito

Dói saber que
Desses tempos que luto
Pouco me lembrarei com alegria
Do que como me lembro de outras datas

E o meu passado
Que esse presente virá a ser

Não haverá dores
E nem haverá saudades

Não haverá traças
Para se fartar de detalhes

Porém, não haverá tons em sépia
Nem pequenas fotos amareladas
De sorrisos espontâneos

Confesso-te então

Vagar sonhando
De fato
É o que me resta

E usando do preto no branco
Em certos dias

Para que pelo menos as traças
Possam se fartar

Do meu prazer de escrever
Tristes,porém
Tais poesias.

quarta-feira, julho 18, 2007

Analise do sistema e do Zôo Humano. Parte III

Naquele momento me assombrou imensa solidão. No frio, na apatia que o cigarro me trouxe, na distancia de tudo.
O quarto, não era mais o mesmo, deixou de ser quente e confortável, e descobri que na verdade nunca o foi, o queria assim então assim o era.
Em silencio comigo, sem possibilidades de gritar ou falar, encarei-me em linhas, musicas, poesias, contos e pensamentos.
O gosto forte do tabaco em minha boca, e o odor de antigo e frio do meu quarto.
Choquei-me.
Realidades se puseram em minha mente durante o tempo ali. Compreensão e absoluta idealização de um mundo que não pertence a ninguém. Onde todas as dores já foram sentidas, todos os pecados descobertos e cometidos, e devidamente administrados perante uma lei, totalmente bizarra, deturpada insípida e dolorosa.
Me senti distante e próximo do ser humano. Identifiquei-me com seu lado mais nefando e com o seu lado mais afável, curioso e criador.
Um aglomerado de intelectos afiados e tantos outros desprezíveis, irrisórios, tendo como algum consolo apenas o fato de poderem, talvez, amar.
Por mais que eu tenta-se retirar alguma lição do mundo, e que quiser-se me separar dele e de seu povo, me vi então, humano e tão glorioso e pecaminoso quanto.
Me vi santo e padre, solidário, o trabalhador honesto, uma mãe que ama, e o pai que protege o filho amado, apaguei chamas e salvei pessoas, Prendi os assassinos, ensinei crianças e vi-me morto, com uma família em torno de mim, e sabia que nunca me esqueceriam.
Em contrapartida, Me vi como o assassino, o ladrão, o marido e pai bêbado, a mãe cruel, o depravado, o marginal imundo, indigente jogado, o delinqüente chorando de noite sem saber que o que sente é amor e culpa. Coisas que ninguém disse pra ele o que era.Vi-me sem vida novamente, mas agora sem família, jogado ao chão como estatística de mortos de frio.
Vaguei pelas cidades como o cão sujo e fui atropelado sem dó, fui caçado pelas florestas com caçadores atrás de minha pele, cai em solo sem vida como um pássaro. Devoraram todas as partes do meu corpo em um restaurante. Fui a natureza devastada e queimada, marcada a ferro por trilhos, abriram em mim cicatrizes de caminhos humanos.
Mas então voei também como um pássaro livre sobre as cristas das montanhas, passei por serenos riachos tranqüilos como um peixe. De longe protegi minha família como um leão deitado sobre uma arvore. Como rio, deslizei do alto de uma montanha formando cachoeiras. E como mar, recebi todas os rios do mundo em meu corpo.
Fui Gaia, linda e frutífera para com todos e tudo.
Diante da fração de um todo, e de sentimentos cruéis e lindos, delicadamente egoísta.
Me vi feio, porém, bonito a meu modo.
Somos todos apenas, um só, em tudo, em uma fração de presente.
Agora.
Poderei chorar com seus olhos e com lágrimas dele. Mesmo sendo a minha face.
Posso chorar com orgulho de uma culpa pecaminosa da humanidade e alegrar-me com orgulho de atos dignos de um ser.... De um ser...
Paro de escrever por algum momento e olho a luz de sol pálido, que entra pela janela e que ilumina a ponta de meu caderno, sorrio com os olhos. O quarto se torna uma esfera. O mundo fica em preto e branco e explode em cores, em tons de passado e futuro. O quarto torna a ficar confortável e quente. Então, concluo:
Posso chorar com orgulho de uma culpa pecaminosa da humanidade e alegrar-me com orgulho de atos dignos de um ser... Mutável.

Analise do sistema e do Zôo Humano. Parte II

Um cafezinho fumegante, em um barzinho de esquina. O frio considerável, Assopro em minhas mãos uma gorda e lenta quantia de ar, agora visível pelo frio.
O prédio que envolve o local é cinza e feio, mas, bonito ao seu modo. Vidas complexas divididas por paredes finas de concreto.
Às vezes acordo com berros do quarto ao lado, um casal difícil imagino. As camareiras se fazem de invisíveis o dia todo, aposto que assim foram treinadas, de vez em quando as olho com cara de viajante esperto e conquistador, não espero nada, mas me divirto. Elas também, pois sorriem como meninas, não funcionárias. Talvez estivessem acostumadas com isso também, ficava então subentendido.
Já, praticamente, não tenho mais casa. Desprendi-me do mundo confortável e seguro que todos chamam de lar.Estou quase escondido, degustando um mundo como deve ser. Misturei-me com a multidão. Ainda recebo alguns olhares intrigados, mas sei que não sou eu, são eles.
O Grande e feio prédio cinza e bonito ao seu modo, é paisagem de minha janela, com roupas penduras nas janelas dos apartamentos como varais improvisados, são como pequenas cavernas nas montanhas, refúgios sagrados para seus moradores. Por falta de espaço, casas construídas umas em cima das outras.
E eu aqui, em uma gaveta alugada. Essa agora é a minha realidade.
O dia está pálido, não dourado como nos dias de sol, mas branco, como nos filmes antigos.
Nas noites que vaguei, e nas sirenes e carros que escutei do meu quarto melancólico. Noite e dias, e os quartos e as ruas, as casas, as pontes, os lixões os becos, as guias de uma calçada, os prédios em construção, escondem, por traz de um confortável lar em algum bom bairro, uma realidade que os seres humanos não buscam entender.
Escondem mendigos bêbados vagando com a dor que ninguém nunca entendera, crianças chorando de fome, sirenes malucas vagando em assistência em algum acidente ou roubo, casais se depravando, pais bêbados, mães distantes e cruéis, animais mortos, crianças com frio, pessoas trabalhando, delinqüência, drogas e armas. Morte.
Choros angustiados que o mundo finge não escutar. Pessoas encolhidas em jornais milagrosamente dormindo, sonhando com algo que não sabem que também pertence a elas. Pelo menos o sonho ainda lhe é permitido.
Isso tudo é feio. Mas bonito ao seu modo.Como o prédio que enfeita a paisagem do meu quarto.
-Seres humanos, vocês são todos da mesma espécie.
Aos poucos vou afastando a visão, como que se estivesse subindo. Vejo a pensão onde estou logo um pouco mais afastado, vejo junto, a minha pensão e o prédio cinza e a avenida, então vejo todo centro e em seguida toda a cidade. Indo mais longe, subindo e se afastando mais, tudo vai se tornando pontinhos luminosos amarelos dos postes, e brancos se movimentando sendo estes dos carros, vejo assim o estado, os estados próximos, o pais, o continente e por fim, o planeta terra.
Pronto, essa visão azul do mundo, aonde se esconde o feio, porém bonito a seu modo. Aqui no universo a terra e os seres humanos são tão frágeis...
Quase nada... Seres complexos por poderem e por não sofrer.
Mal eles sabem que possuem todo um mundo em suas mãos, que possuem todo um universo, que são capazes de criar deuses e crenças, que são deuses e demônios. Possuem o pecado e o perdão. Tudo então, se mantém em suas lembranças.
E assim como é, estão fazendo do planeta, sua imagem e semelhança.

Analise do sistema e do Zôo Humano. Parte I

Enquanto pessoas se movem confortavelmente em carros confortáveis, homens da mesma raça empurram suas carroças no frio, rua acima.
Única espécie onde mesmo sendo totalmente iguais, se diferenciam por: classe, cor, dinheiro, roupas e enfim.
O pobre é um animal da mesma família que os ricos, assim deixam claro. Andando de trem, esse trem que desliza calmo pelas cicatrizes metálicas na natureza, o homem tenta ver o bicho em seu estado mais natural, em contrapartida os bichos estão cagando para o homem.
E é ai que eles próprios se dividem, eles da mesma espécie, estão divididos em: Econômicos, Turísticos, Ricos, Luxuosos. Para o bicho é tudo a mesma merda.
Para os seres humanos os bichos devem aparecer para as crianças, adultos e velhinhos. Assim eles os podem apreciar, e se orgulhar de serem vistos pelos animais.
È, o ser humano é intrigante. Organiza-se do mesmo modo que organizo um quarto imundo de pensão.
Dobro umas roupas, jogo umas por ali, organizo a escrivaninha e parto, pois as camareiras arrumarão à cama, ou seja.
Eles, os seres humanos, se organizam, se sinalizam, se dividem, e tentam não perceber a bagunça que isso causa e esconde. E partem, pois há sempre alguém para arrumar alguma coisa. Eles escolhem um governante, pagam impostos e ponto. Se algo sair errado a culpa não é deles.

segunda-feira, junho 11, 2007

Culpado

Onde eu estou?Procurando algo talvez, que não exista.
É um mundo difícil admito.
Onde está você?
Talvez quando eu me encontrar, eu te ache, bem ali, com olhos de verão.

Uma única cartada, jogo rápido. Uma decisão não pense.
“Pense rápido” e lhe atiram a verdade em você.
Nem pensa. Pega ou desvia, se não, explode na sua cara.

Diga-me algo, hei “Eu”, me diga algo, que eu possa dormir.
Poder encostar a cabeça no travesseiro, com um singelo sorriso no rosto.

O mundo pede algo, que devemos retrucar.

Olho por olho e o mundo acabara apaixonado
Cafona, ok.
(uma menina já me fez ser cafona)

Das duas opções a terceira.
Não sou novo nem velho, e quem é?
Quem diz que é, menti.
Você vai morrer, já parou pra pensar?Você vai morrer!
Não é estranho?
Sempre que deixam tudo pra depois, fica tarde demais.
Tarde de mais, agora você morre. “Bum”!
[Brincadeira, não é tão triste assim.]

Algumas conversas criadas em minha mente
Que talvez nunca existam.
[Desculpe só me dei ao luxo de sonhar.]

Vem pra cá, sente-se aqui, tenho algo pra escutar.
Cadê aquele reflexo que deixa cego? Cadê a luz fraca que ilumina a pena?
Isso não é uma poesia.

Odeio poesia. Assim como todos odeiam comer quando está com fome.
Assim como amo a ironia.
Do mesmo jeito que você odiava isso em mim.
E vai odiar.
Equilíbrio.

O leite derramou em cima da mesa, o suco caiu no chão.
Eu derrubei, sem querer, palavras em meu caderno.
Derramei musica no violão.
Deixei escorrer lagrimas do seu rosto
No meu rosto.

Agora ok... Ok?
Quando eu irei te ver?Estou louco para o próximo ônibus.
E correr para os teus braços.
Aquele beijo que outrora teórico
agora praticamente, perfeito.
Sorrisos, suspiros, amparos.
Despedida.

Agora aqui.
Quem não vê detalhes bons.
Morre de tristeza com o mundo.
Mas quem liga? Se ligar, muda o canal.

Não me dei ao luxo de pensar.
Afinal, tudo já ta descoberto, passando frio.
Descoberto, bem gravado em um livro com boas letras.

Olhem para ele!Vamos rir com ele, Dele!
Vamos rir desse espelho que nos rebate faces
Sorridente, forçadas ao desespero.
Não.

Você esteve aqui o tempo todo
E só agora te amo
E só amanhã talvez não te ame.

E quando faltou nos seus deveres para me ver
Agora falta no meu dever
Nem liguei, mas a poesia sim.
Quem sabe na próxima então?

Eu sou um cara tranqüilo, não sou?
FALA QUE EU SOU PORRA!

....

E esse meu solvente vital?Que descolore vidas nossas?
Deixou-me em contato com um mundo cinza.

E você com essa paleta e boina vital?
Pincel... Cor.
Tango, e amor...
Vinho e você
Sirenes e citaras

Pegou-me!
E se foi...

Mas me divirto com suas lembranças

Quem eu quero enganar?
Eu nunca mais te esqueço

Coitado do sapinho.

Quem eu quero enganar?
Já sei, mas não digo, assim como não consigo.

Vale a pena citar amor, perto da guerra da fome?
Violência e morte?
Tristeza.
Sim, vale a pena. Vale a pena que toca o papel.

Sem distinção. Sou poeta, louco e boêmio.

Guardo tudo dentro de um largo campo aberto
Assim como algumas feridas.

Olá beija-dor do norte.

O que quero mesmo dizer, a quem seja.
Desde fantasma até santos
Deles até aqueles
Para mim e pra você
É o seguinte:
È o seguinte, não o agora.
Mas já que vivemos de passado.
Tanto faz...
T-a-n-to-F-a-z!

Poderia escrever até a ultima folha no mundo, até o ultimo carvão.
Pedaço de tijolo que seja, enfim, até a ultima maneira de escrever.
E ainda, não terminaria.

Mas é tão simples, assim, pensar em alguém.

Correr sem ponto de chegada.
No meio de algum caminho, simplesmente, fazer uma curva e voltar.
Voltar pra nenhum lugar. O lugar erroneamente correto.

Talvez a vida me abale
E eu não tenha tempo de mostrar algum final.
A não ser o final da minha vida.

Pois, eu realmente não tenho tempo, ele que me tem.
Ele tem tudo. E é ele quem mostra o final de tudo.
Até de si próprio, criando assim, o eterno em risca de giz.

Tudo acaba, quando não se pode mais.

E, claro, como posso escrever até o fim.
Podemos tudo, repito TUDO!
Até.
Nascer.
Sem culpa.
Sem...
C. U. L. P. A...

quarta-feira, maio 30, 2007

Um amor. Uma Estrada.

Parti
A vista é diferente daqui

Te Parti
Aquela porta entreaberta
Mantém a lembrança da saída

Desculpe-me sair assim
Mas não sou bom em despedidas

Não sou bom em muitas coisas
Só sei
No que não sou ruim

Reencontros, beijos lembrados.
Abraços e conversas sem fim

Seus olhinhos aqui
Pegaram-me de jeito

Ah! Uma risada, um afago.
Ah!A estrada, um abraço.

Depois daqueles dias
Outrora sem sentido

Eu vou com você
Você vem comigo

Cronicas de um cotidiano barato.Parte III

Aproveito que a chuva deu uma trégua e vou para fora da minha casa, pego meu casaco feito de um material impermeável cinza que é uma imitação de couro, que tem uma gola grande que fica dobrada pra fora com um pano tentando imitar pele de carneiro, é bem parecido com um casaco de aviador.
Não gosto de fumar no quintal de casa, me sinto desconfortável. Eu particularmente gosto de fumar um cigarro bem tranqüilo, então vou lá pra fora, na rua, atravessando o quintal cheio de barro, e poças.
Meu avô é engraçado, ele vive tentando inventar alguma coisa para que ninguém suje os pés antes de entrar em casa, e todas suas tentativas não dão muito certo, mas todo mundo finge que não liga e fica por isso mesmo. Às vezes chego a achar que o estado da minha casa é o estado moral do meu avô.
Vou para fora e fumo um dos cigarros que meu amigo me deu ontem.
O dia não está bonito, ainda cai uma chuva fininha, e tudo está cinza, até as pessoas os carros e os animais. O asfalto molhado tem um cheiro bem peculiar, e me recordo quando antes era tudo de terra. Prefiro o cheiro de terra molhada a de asfalto, mas asfalto é mais pratico e não deixa crateras enormes quando chove, então, só me mantenho em lembranças das antigas ruazinhas de terra.
A fumaça do cigarro não se dispersa, ela flutua baixa e lenta na minha frente e eu ali encostado em um muro, sendo cinza também.
Deixei o portão aberto, mas não deu vontade de fechar.
Eu tenho que admitir que sou uma pessoa um pouquinho preguiçosa, mas tenho boa vontade. O problema é que penso de mais em certas coisas que não tem se quer muita importância, ai crio mil e um motivos pra não fazer a coisa, por que simplesmente ela não me parece interessante. O preguiçoso em mim não é deixar de fazer alguma coisa, é deixar de me dedicar um pouco mais a tentar achar algo interessante de se fazer.
Tento ao máximo não transformar certos defeitos em peculiaridades, principalmente esse tipo de coisa. É horrível isso, é como quando você aprende a tocar algum instrumento, se você aprende alguma coisa errada no começo, vai fazer errado até chegar a um momento que vai ter que mudar isso para continuar aprendendo. Aquilo que no começo facilitava, começa a prejudicar quando você precisa de velocidade e precisão, ou seja, progressão. É exatamente a mesma coisa.
Chega uma hora que se torna chato. Eu me esforço. Se eu consigo? Vai saber...

quarta-feira, maio 23, 2007

Crônicas de um cotidiano barato. Parte II



Sento e mecho no computador, que consegue me alienar por um tempo, até eu decidir comer de verdade.
Dia pós dia, eu me arrasto no tempo e as folhas do calendário voam pelos meses que passam e que batem contra a minha cara, incomoda um pouco isso, tento não ligar, mas a cada garfada é algo que eu penso.
A comida é saborosa, mas não sinto lá muito o gosto, só sei que é gostosa por que tudo que a minha avó faz fica gostoso e sei que não é ela sou eu.
O meu almoço me faz lembrar pessoas passando fome, e droga, tem umas carnes no meio. Aquilo por alguns segundos se torna uma tortura. Às vezes certas ideologias conseguem transformar o seu almoço em tortura. Mas de verdade? Eu não ligo. Serio mesmo. Isso passa dentro de alguns segundos. Pessoas passando fome, animais sofrendo enquanto eu simplesmente quero me alimentar, ninguém se sente culpado nem eu, mas confesso que é algo triste. Pois eu comendo ou não, pessoas ainda vão morrer de fome, animais ainda vão sofrer, mas confio em quem está engajado nesses assuntos, assim que der, quem sabe eu não me junte a alguma ONG. Mas agora eu simplesmente quero me alimentar, só isso, e com carne ou sem não me sinto pecando e é isso que passa dentro de alguns segundos e poucos minutos.
Termino de almoçar e agradeço minha avó, faço alguma brincadeira com ela e volto pro meu refugio, meu quarto.
É eu tenho tempo, tempo que muitas pessoas gostariam de ter. É simples apontar e falar. Todos esses prostitutos do sistema dizem isso pra mim. Só por que eles se vendem por um serviço que nem gostam tanto de fazer e eu não.
A questão aqui é o dinheiro, eu por enquanto estou me virando com o dinheiro do seguro, mas sei que isso só dura mais dois meses, pois já peguei a grana do mês passado.
Enfim, meu ultimo emprego não era lá uma coisa que eu adorava, mas não chegava a ser um subemprego. Eu ralava, não era tão simples assim, não mesmo.
Quando sai (quando me tiraram, diga-se de passagem) me vi livre de um lugar cheio de hipócritas, como todos os outros lugares. Tem quem se salve, mas de uma forma ou outra nesse âmbito fazia menor diferença.
Agora me vejo com tempo, pensando de mais e de menos. Escutando palpites, opiniões, elogio, critica, mas eu não me incomodo com nada disso, pois eu sei que quando se está parado, você vira um alvo fácil mesmo, a partir daí é só ter uma boa peneira moral.
Se eu estivesse fazendo qualquer merda para me alienar ninguém falaria nada.
Não sou contra trabalho, não é isso, eu acho que esse é o maior fator de amadurecimento de uma pessoa, e o maior fator de encaixá-las num sistema, como uma peça de lego. Cabe a cada um, saber se está no lugar certo. Eu estou vendo onde eu melhor me encaixo, enquanto tenho tempo pra fazer isso, ou seja, enquanto estiver ganhando o dinheiro do seguro.
Mas não me sinto assim por causa do emprego, na verdade, isso é uma das coisas que eu menos penso, de uma maneira ou de outra eu sei que vou ter que acabar me enfiando de novo em algum lugar cheio de hipócritas, ai sim isso me deixa um pouco triste.
Dinheiro é uma merda mesmo. Dinheiro não é solução de nada, dinheiro é o problema mesmo. Se não fosse por ele metade dos problemas do mundo não existiriam. As pessoas criam problemas usando dinheiro e afundam num poço onde só o próprio dinheiro que meteu ela lá pode tirar, e isso é péssimo.
Se eu pudesse viver sem dinheiro eu com certeza abriria mão disso. Mas infelizmente já vivo subliminar num mundo corrompido.
Eu sei, eu sou um cara novo ainda e tenho muita coisa pra aprender. Gostaria de receber uma carta de mim mesmo de quando eu tinha uns 14 anos. Pra me ensinar mais.
E quando eu tiver 30 anos vou querer receber uma carta de quando eu tinha 25. Eu ainda vou escrever uma carta para mim mesmo quando estiver 25.
Fico com vontade de fumar um cigarro, sempre tenho essa vontade depois que eu almoço.
O relógio já beira três horas.

Crônicas de um cotidiano barato. Parte I

"Sobre algo desimportantemente importante escrito por alguem que não liga pra nada"


Desperto, mas continuo na minha cama, ouvindo a minha casa. Já escuto a panela de pressão, minha irmã se arrumando para ir à escola, a T.V. ainda em um volume baixo e o relógio gira em torno das onze horas da manhã.
Dormi tarde ontem, mas não que eu tenha feito algo de especial. Na verdade eu gosto de ler ou escrever depois que todos já foram dormir.
Fecho os olhos novamente para ver se ainda tenho alguma chance de sonhar, funciona às vezes, mas hoje não, foi quase uma simples meditação que serviu para aumentar minha preguiça.
Como num ritual levanto-me e sento na cama. Penso simplesmente em nada. Eu durmo na parte de baixo de um beliche, a parte de cima está vazia, significa que meu irmão foi trabalhar, ele levanta cedo com a minha mãe. Meu irmão é um ano e meio mais velho que eu e trabalha fazendo sites, já minha mãe trabalha com o meu tio. Na verdade todos acordam cedo menos eu, pois, estou desempregado, fui demitido do meu ultimo trabalho. Agora estou recebendo um seguro desemprego.
Levanto-me e a primeira coisa que faço é ir para fora do meu quarto para ver como está o dia. Hoje amanheceu chuvoso. “Bem que o “homi” do tempo disse” minha avó fala. Vou para cozinha e não falo bom dia, é algo que estou acostumado a não fazer.
Fico indeciso entre tomar café ou almoçar, então decido comer qualquer coisa que não se encaixe em almoço e nem em café da manhã.
Volto para o meu quarto abro as janelas, ligo o computador e pego o violão. Despejo alguns acordes.
Sinto-me inerte, sinto que posso sorrir ou chorar e que isso pra mim não faz nenhuma diferença.
Olho a chuva lá fora caindo inocente, sem culpa das reclamações das pessoas. Por um momento sinto inveja dela, gostaria que a chuva fosse eu e eu a chuva. Aposto que a chuva se sairia bem melhor como eu do que eu mesmo.
Eu sei que não preciso disso, desse tipo de pensamento. Chego a pensar então se mereço sentir isso. Sim.
Percebo então, que agora sim acordei, pois esse tipo de coisa já altera meu estado de espírito que, confesso, não vai muito bem de um tempinho pra cá.

segunda-feira, abril 16, 2007

Terceira Pessoa

Um amontoado de poemas, frases feitas.
Erros e dilemas.
Acertos e certezas.
Duvidas e algo mais.

Inerência, e irrelevância,
Distração, Risadas espontâneas.

Sorriso singelo.
Solidão, admiração.

Alguém assim, que passa.
Que não se passa de um passante

Ameaça de amor amante
Que ainda por cima.
Chora.

E derrama lagrimas lá da chuva
Ainda por cima
Começa e vai embora.
 
Ainda por cima cai.
Junto às risadas e lagrimas

Tem apego ao som.
A musica e violão
Blues e rock’n roll

Um baú cheio de brinquedos
E lembranças
Que ainda guarda desde quando era criança.

E põe em pratica toda uma inconstância

Exagera quando gosta
Sutil quando ama

Corre e canta
Anda e foge

Mas volta pra contar historia

Um livro aberto.
Com algumas paginas rasgadas pelo tempo
Outras amareladas
E tantas outras faltam.
 
Tantas outras se passam.
Passaram, Passarão.

Pensar é humano.
Arte como um reflexo.
De Ser Humano.
Assim como já disse

Não ter vergonha,
De escrever só.
Assim como
Mesmo se jaz
Vive só.

Não tem cara na vergonha
Nem a vergonha na cara

E cara é a vida que não se vive

Não tem carro, mas tem sandálias.

Enaltece pessoas raras
Vida rara em sentimentos e momentos

Sim, se arrepende.
Ausente certas vezes.

Face, face e faça.
Não há quem não haja.

È um e dois.
Quem sabe três.
Por dez

Diante de si
Olhando-se.
Em pé

Primeira, segunda.
Terceira pessoa.
 
Escrevendo-se

Por ti, por mim e por ele.
È você aqui, sou eu aqui, são eles.
 
Num amontoado de versos e humanidade única
Resultado da união absurda
De tu de tudo e de todos.

Na brisa num grito num sopro
No seu ouvido sussurra
Um segredo baixinho

Que gosta de brincar com palavras e pessoas
Compreensão e sentidos

Terceira segunda.
Primeira pessoa.

Sou eu aqui escrevendo isto em silêncio
Sou eu ali todo dia

Primeira, segunda
Terceira pessoa.

Ele aqui escrevendo em silêncio
Mais uma das suas e minhas
Singelas poesias.

sábado, abril 07, 2007

Em contra-partida.

È, eu não sou o cara certo, nem um pouco correto.Meu allstar desamarrado, meu cabelo desgrenhado.Eu faço coisas que não me orgulho e mesmo assim.

Recebo elogios por isso

Eu cultivo amores platônicos no meu jardim

e sei que nunca irei colhê-los.

Mas já fui cultivado. E odiei.

Eu não irei te ligar. Eu não sou responsável.

Vou me atrasar e não darei desculpas.

Mas pensarei em você.

Eu não sou um herói.

Só estou sentado escrevendo.

Aguardando, algo acontecer...

Que não tenha sido eu que tenha feito.

Pois parece que a mesa não cai se não sou eu que a empurro.

Os porta-retratos não explodem contra parede,

se não sou eu que arremesso.

A garrafa de vinho não seca se não sou eu que a bebo.

O mundo não gira se não sou eu que o chuto

A noite não acaba se não sou eu que durmo.

E ainda recebo elogios por isso

Não me espere acordar do seu lado, não que eu seja errado, como disse, só não sou o cara certo.

Eu não sei chorar.

Eu rio quando não devo rir.

É, eu não sei chorar por você.

Eu não sou de pedir desculpas também

mas sinto muito ter sumido aquela noite e não ter

voltado mais.

Sei que te fiz chorar, mas...

Eu te amo, porém, por enquanto, amo bem mais a minha vida.

Sou irresponsável e egoísta

E recebo elogios por isso

Dan.

segunda-feira, março 19, 2007

Nem ligo.

Daqui, desse banco de praça, a vista é muito boa. Se não fossem pelas ruas,carros, casas, fumaças e etc. Mas olha, nem ligo. Do olhar desse mundo ai na frente, eles achariam um bom mundo o deles, se não fosse ,por ter uma praça no meio de tudo, com um boboca sentado no banco olhando com cara de paisagem pra rua. Pelos menos eles, mesmo no meio da cidade, agora podem apreciar uma paisagem. Enquanto eu... bom, eu tenho que ficar olhando a cara de merda das pessoas. Mas olha... nem ligo. De verdade.
Dan.

segunda-feira, março 05, 2007

Eita vida!


Ei!  Não viu que Incrível!?
Está vendo aquilo?
Quem viu
Já foi.

Simplesmente uma sina
De quem sente o gozo da vida.
Num violão e numa boa bebida.
Que  desvanece nos braços de uma bela mulher
E enlouquece no caminhar dela
Assim como ela quer

Ah! Atibaia, pequena grande cidade.
Palco de sina
Vida minha.
Minha pequena menina

Quem sabe já não esta na hora
De ir embora?
Direção de outro planeta.
Ou onde quer que você esteja?

Olha de longe sem eu perceber
Vendo-me fazer coisas bobas
Sem a pose que tenho
Quando estou perto de você.

Ah! Essa vida em alto contraste.
Correr na chuva
Deitar sob o Sol.
Pisar na lua
Teu olhar girassol

Sou réu – confesso- roubei aquele beijo
Um beijo que valeu a pena
Que me foi imposta.
A pena que escrevo agora.
Nesse papel...

...Guardanapo de bar
 Com os amigos do peito, camaradas
Uma boa conversa, uma gargalhada,
Brincadeiras doces e ácidas
(Loucura nossa, só pra variar)

Cada qual com sua sina.
É fato.
Bons amigos de bem com a vida.

Talvez houvesse tanto o que falar
E para quem falar.

Não é o meu jeito de te olhar
É você que me faz
Te olhar desse jeito.

Ei! Se todos forem ver, bem ali
Aonde a ponta do meu dedo aponta.

Estão vendo aquilo?
Quem está vendo ficou
Quem já viu, já foi.