Já passava das três horas da tarde e eu ainda não tinha almoçado, nem fumado um cigarro e muito menos tinha saído de casa.
Depois de sair de um banho que lavou a minha alma tediosa, decidi preparar finalmente algo para comer.
Abri a porta da geladeira e reparei que tinha algo que não cheirava bem. Não sabia o que era então me pus a farejar até encontrar, para poder dispensar no lixo, seja lá o que fosse.
Meu nariz não estava em perfeitas condições.
Enfiei a cabeça dentro da geladeira e comecei a usar o olfato como os cães fazem, respirando rápido pelo nariz e deixando que ele guiasse a minha cabeça por entre as divisões da geladeira.
No processo, me distrai com algumas coisas, dentro da geladeira e dentro da minha cabeça. É conhecido que as geladeiras te fazem pensar enquanto estão abertas.
Já era tarde, pensei que deveria ter almoçado mais cedo. Eu ainda não sabia o que iria preparar para comer junto do arroz e feijão que estavam nas panelas tampadas em cima do fogão. Estava com uma tremenda vontade de fumar, mas fumar antes do almoço me faz perder a fome.
Abri a gaveta que fica na parte de baixo da geladeira e encontrei algumas frutas, verduras e um saquinho de supermercado. Abri o saquinho e verifiquei algumas uvas passas.
Isso me remetia ao começo do final do ano e toda a palhaçada ébria que estava se aproximando.
Mesmo assim, decidi comer algumas antes de continuar com a missão de caça a mistura. É fácil caçar quando se possui uma geladeira.
Mastiguei algumas uvinhas e foi então que encontrei, pelo sabor, o que não cheirava bem lá dentro...
Ovo. Decidi então, fritar um ovo.
quinta-feira, dezembro 10, 2009
terça-feira, dezembro 08, 2009
No Meu Quintal
No meu quintal tem uma horta onde mora uma margarida
No meu quintal tem uma grande arvore onde mora um duende
No meu quintal não tem grama
No meu quintal tem barro quando chove
No meu quintal tem um monte de sucatas onde mora alguém sem coração
No meu quintal tem Flores onde moram as Fadas
No meu quintal mora um Dragão
No meu quintal tem abelhas e pássaros que falam comigo
No final do meu quintal
Existe uma casa
Mas eu não sei quem mora lá
No meu quintal tem uma grande arvore onde mora um duende
No meu quintal não tem grama
No meu quintal tem barro quando chove
No meu quintal tem um monte de sucatas onde mora alguém sem coração
No meu quintal tem Flores onde moram as Fadas
No meu quintal mora um Dragão
No meu quintal tem abelhas e pássaros que falam comigo
No final do meu quintal
Existe uma casa
Mas eu não sei quem mora lá
sexta-feira, outubro 16, 2009
Buzinas
Buzinam e buzinam e as sirenes não cessam!
O barulho perturba o meu sono e os meus sonhos!
As luzes não param de girar em volta do meu corpo
E as palavras de "pare!" gritam nos altos falantes e nos mega fones
A onde está a velha musica que era pra dentro
E o canto dos pássaros que é de dentro pra fora
Como tem que ser, pois não poderia fazer diferente
Mas não! Insistem nas buzinas e nas sirenes!
Apelam para nossas famílias
E nosso sangue do dia-a-dia!
Vestem Satã com as roupas de um Deus morto
Na até então calada da noite
Os gritos de alerta gritam na cabeça de todos
"É CADA UM POR SI!"
E o toque de recolher vem cedo
No primeiro tapa sacana do médico viciado
E entrega com as mãos mais limpas que a consciência do mundo
Um recém nascido nos braços de uma mãe em torpor
É proibido buzinar nos hospitais
Mas até lá já são buzinas de mais
E o ruído do mundo permanece
Mesmo em todo aquele silencio surdo
O barulho perturba o meu sono e os meus sonhos!
As luzes não param de girar em volta do meu corpo
E as palavras de "pare!" gritam nos altos falantes e nos mega fones
A onde está a velha musica que era pra dentro
E o canto dos pássaros que é de dentro pra fora
Como tem que ser, pois não poderia fazer diferente
Mas não! Insistem nas buzinas e nas sirenes!
Apelam para nossas famílias
E nosso sangue do dia-a-dia!
Vestem Satã com as roupas de um Deus morto
Na até então calada da noite
Os gritos de alerta gritam na cabeça de todos
"É CADA UM POR SI!"
E o toque de recolher vem cedo
No primeiro tapa sacana do médico viciado
E entrega com as mãos mais limpas que a consciência do mundo
Um recém nascido nos braços de uma mãe em torpor
É proibido buzinar nos hospitais
Mas até lá já são buzinas de mais
E o ruído do mundo permanece
Mesmo em todo aquele silencio surdo
terça-feira, setembro 01, 2009
Enquanto isso...
Parece que as coisas estão diferentes
Um pouco de tudo e mais um tanto de nada
O ar da noite está esquentando
A luz da lua esta brilhando mais forte
O vento sopra com um sorriso de Maquiavel
E a chuva molha como um abraço de Sade
Os pés pisam pesado
Naquele mesmo chão de asfalto
Lembra?
Esquece
La de cima elas olham
Dos becos sussurros
Chamam baixinho
Não HA como evitar
Um Cheiro salgado de pele e suor
Como um doce que a saliva derrete
Na boca no queixo
Pelo pescoço
E o caminho que segue
São insinuações de fome
Que não cabe na boca
E come com os cantos dos olhos
E observa com as mãos
Com o espírito vestido de vermelho
E a moça com copas nas mãos
Só sobra então
Paus
As coisas estão mesmo diferentes
o corriqueiro caiu no mundo
Sentiram algo em suas calças
E o chamaram de Herói
O bueiro, soturno
Gargareja gargalhadas
Altas que saem de todas as bocas
Cheias de línguas e dentes
Põe o óculos
La vem o sol
La vem de novo
La vem à sobriedade e a ressaca
La vem, não tem como fugir
Ta tudo dentro da cabeça
Tudo foi posto lá propositalmente
Mas o Pudor, não tem.
Nem deve
Nada a ninguém
O espelho é problema de cada um
Saca?
Um pouco de tudo e mais um tanto de nada
O ar da noite está esquentando
A luz da lua esta brilhando mais forte
O vento sopra com um sorriso de Maquiavel
E a chuva molha como um abraço de Sade
Os pés pisam pesado
Naquele mesmo chão de asfalto
Lembra?
Esquece
La de cima elas olham
Dos becos sussurros
Chamam baixinho
Não HA como evitar
Um Cheiro salgado de pele e suor
Como um doce que a saliva derrete
Na boca no queixo
Pelo pescoço
E o caminho que segue
São insinuações de fome
Que não cabe na boca
E come com os cantos dos olhos
E observa com as mãos
Com o espírito vestido de vermelho
E a moça com copas nas mãos
Só sobra então
Paus
As coisas estão mesmo diferentes
o corriqueiro caiu no mundo
Sentiram algo em suas calças
E o chamaram de Herói
O bueiro, soturno
Gargareja gargalhadas
Altas que saem de todas as bocas
Cheias de línguas e dentes
Põe o óculos
La vem o sol
La vem de novo
La vem à sobriedade e a ressaca
La vem, não tem como fugir
Ta tudo dentro da cabeça
Tudo foi posto lá propositalmente
Mas o Pudor, não tem.
Nem deve
Nada a ninguém
O espelho é problema de cada um
Saca?
quinta-feira, agosto 20, 2009
Devoto Tempo
Eu devoro o tempo
Tenho fome, tenho pressa
Meu alimento
Meu devoto tempo
Escorre-me horas
Pelas mãos
Limpo os dias
Na toalha da mesa
Sabor de fruta
De maquina
Gosto de duvida
Sabor de dor
Eu descasco o minuto
Segundo por segundo
Milésimos pelo corpo
E o tempo que levo
Enquanto rumino o tempo
É o tempo que leva
Para ele
Devorar-me por dentro.
Tenho fome, tenho pressa
Meu alimento
Meu devoto tempo
Escorre-me horas
Pelas mãos
Limpo os dias
Na toalha da mesa
Sabor de fruta
De maquina
Gosto de duvida
Sabor de dor
Eu descasco o minuto
Segundo por segundo
Milésimos pelo corpo
E o tempo que levo
Enquanto rumino o tempo
É o tempo que leva
Para ele
Devorar-me por dentro.
quinta-feira, julho 16, 2009
Musas no chão de Asfalto
Quem dera ter-me calado
Naquela hora
No passado
Quando declamei palavras
Que caíram no chão
Então a imagem das musas
Surgiram
Despejando
Por meio de beijos e lábios
As palavras
De volta para minha boca
Crua
Senti-me inebriado
Pelo gosto do vinho
Excitado
Pelo suave enlace
Da musa
Nua
Recitei o poema em voz alta
Sem medo do meu coração
Escorrer pelos olhos
Quando parei
Não havia mais ninguém
De noite o mundo muda
As pessoas mudam
Disse a Musa
Fiquei assim
Em silêncio sem saber
Como respirar
Pois era noite
E já não era o mesmo
E logo ali no bar
Disse-me a Musa
O mundo muda
E quando saímos do lugar
Sempre se deixa algo pra trás
E se leva algo consigo
Como um sorriso
Junto de uma espécie de Saudosismo
Peguei-me desconcertado
Pelo meu estado de espírito
Não sabia se era loucura
Ou se realmente tudo aquilo
Fazia algum Sentido
Foram-se as musas
Entre os prédios
Altos do mundo fogo
Pelas ruas de asfalto gelado
No céu negro onde
Lá no alto
Um planeta desponta
Quando voltei a mim
Estava parado e só
Olhava admirado
O céu
Com cigarro, conhaque e só
Contemplando
Vênus
E nada mais importava.
Apenas.
Vênus
Naquela hora
No passado
Quando declamei palavras
Que caíram no chão
Então a imagem das musas
Surgiram
Despejando
Por meio de beijos e lábios
As palavras
De volta para minha boca
Crua
Senti-me inebriado
Pelo gosto do vinho
Excitado
Pelo suave enlace
Da musa
Nua
Recitei o poema em voz alta
Sem medo do meu coração
Escorrer pelos olhos
Quando parei
Não havia mais ninguém
De noite o mundo muda
As pessoas mudam
Disse a Musa
Fiquei assim
Em silêncio sem saber
Como respirar
Pois era noite
E já não era o mesmo
E logo ali no bar
Disse-me a Musa
O mundo muda
E quando saímos do lugar
Sempre se deixa algo pra trás
E se leva algo consigo
Como um sorriso
Junto de uma espécie de Saudosismo
Peguei-me desconcertado
Pelo meu estado de espírito
Não sabia se era loucura
Ou se realmente tudo aquilo
Fazia algum Sentido
Foram-se as musas
Entre os prédios
Altos do mundo fogo
Pelas ruas de asfalto gelado
No céu negro onde
Lá no alto
Um planeta desponta
Quando voltei a mim
Estava parado e só
Olhava admirado
O céu
Com cigarro, conhaque e só
Contemplando
Vênus
E nada mais importava.
Apenas.
Vênus
quarta-feira, maio 06, 2009
Simetrico
As cadeiras simétricas
Que desencadeai metros
Em padrões de miragem
A Alma frenética
Em transe discreto
Nos catetos do teto
Tanto toque
Quanta a retórica
E o agrave do beijo
O corpo estático
O ângulo Agudo da vaidade
Os labios se travam na face
Seus braços se entregam de perto
As pernas se entrelaçam no ego
O espírito se encharca na pratica
Os olhos se retiram da orbita
Os dedos retraem-se no lençol
A carne da metade da discórdia
Entrando em caso com a razão
Entre delírios e suspiros
Tanto contexto e alivio
E o retorno da visão
O corpo em pedaços
O espírito impecável
E as pupilas
Dilatam-se no pecado
Do antes em flertes com o presente
E as simetrias que insinuam interesse
Entre o descaso com o estado do mundo
Realidade trincada em atos
Do prazer e a indiferença de tudo.
Que desencadeai metros
Em padrões de miragem
A Alma frenética
Em transe discreto
Nos catetos do teto
Tanto toque
Quanta a retórica
E o agrave do beijo
O corpo estático
O ângulo Agudo da vaidade
Os labios se travam na face
Seus braços se entregam de perto
As pernas se entrelaçam no ego
O espírito se encharca na pratica
Os olhos se retiram da orbita
Os dedos retraem-se no lençol
A carne da metade da discórdia
Entrando em caso com a razão
Entre delírios e suspiros
Tanto contexto e alivio
E o retorno da visão
O corpo em pedaços
O espírito impecável
E as pupilas
Dilatam-se no pecado
Do antes em flertes com o presente
E as simetrias que insinuam interesse
Entre o descaso com o estado do mundo
Realidade trincada em atos
Do prazer e a indiferença de tudo.
quarta-feira, março 11, 2009
Construções III
Sol, vento
Chuva La longe
Arco-íris aqui perto
Rua, calçada, poste
Buraco, possa, lixeira
Placa, faixa e farol
Espera
Carro, moto com pressa
Espera
Faixa
Carro rosnando do lado
Gente vindo de frente
Esquiva
Calçada, passos em alerta
Trovão que anuncia
Claridade de nuvem escura
Sol na montanha lá longe
Um pingo na cara
Outro no braço
Gota por gora
Passo por passo
Passos leve
Chuva pesada
Gente correndo
Guarda-chuva armado
Carros com pára-brisas ligados
Trovão que retorna
Toldo lotado
Altos murmúrios isolados
Possas no chão
Bueiros gargarejando
Meio fio desgovernado
Cães ligeiramente indiferentes
Pés molhados
Roupa encharcada
Água feito chuva
Pessoas feito açúcar
Espera
Luz que retorna de leve
Espera
Calma nas ruas
Gente andando
Ar úmido
Chão de asfalto molhado
Primeira estrela desponta
Restos de nuvens cansadas
Sol da tarde manchado
Em céu de Picasso
Chuva La longe
Arco-íris aqui perto
Rua, calçada, poste
Buraco, possa, lixeira
Placa, faixa e farol
Espera
Carro, moto com pressa
Espera
Faixa
Carro rosnando do lado
Gente vindo de frente
Esquiva
Calçada, passos em alerta
Trovão que anuncia
Claridade de nuvem escura
Sol na montanha lá longe
Um pingo na cara
Outro no braço
Gota por gora
Passo por passo
Passos leve
Chuva pesada
Gente correndo
Guarda-chuva armado
Carros com pára-brisas ligados
Trovão que retorna
Toldo lotado
Altos murmúrios isolados
Possas no chão
Bueiros gargarejando
Meio fio desgovernado
Cães ligeiramente indiferentes
Pés molhados
Roupa encharcada
Água feito chuva
Pessoas feito açúcar
Espera
Luz que retorna de leve
Espera
Calma nas ruas
Gente andando
Ar úmido
Chão de asfalto molhado
Primeira estrela desponta
Restos de nuvens cansadas
Sol da tarde manchado
Em céu de Picasso
terça-feira, março 03, 2009
Construções II
Flores com sono
campo com vento
Morro em silencio
Casebre e varanda
Arvore cantando
Criança correndo
Formigueiro em alerta
Rio que sustenta
Manhã de bruma
Tarde de sol
Noite de umbra
Cama e lençol
Café na mesa
Corpo e batente
Silhueta nos olhos
Tom de amarelo
Som de outono
Janelas com vento
Cortina que dança
Sala, sofa
Luz de manteiga
Boca de beijo
Abraço de corpo
Corpo na grama
Grama nos pés
Equilibrio na fonte
Dia entardecer
Tarde Anoitecer
Passaro voltando
Luz acesa
Começo de noite
Porta fechada
Luz pra sacada
Pés descalços, vinho e tapete.
De perto musica ambiente
de longe
Um Silencio engraçado.
quarta-feira, fevereiro 25, 2009
Construções
Noite, verão , chuva
luz,relâmpago,sorriso
bebidas,cigarros,vácuo
vida,idéia,varanda
vestido vermelho, ponta
musica,grama, lua
madrugada, manhã
garrafas quebradas
violão cantando sozinho
passos,trilhas e margens
despedida ébria
beijo instigado
abraço engraçado
sentimento com vírgula
gargalhada com eco
luz,relâmpago,sorriso
bebidas,cigarros,vácuo
vida,idéia,varanda
vestido vermelho, ponta
musica,grama, lua
madrugada, manhã
garrafas quebradas
violão cantando sozinho
passos,trilhas e margens
despedida ébria
beijo instigado
abraço engraçado
sentimento com vírgula
gargalhada com eco
segunda-feira, fevereiro 16, 2009
Tradições
As velhas danças
As velhas notas
Daquela mesma canção
As anedotas
Mesmas palavras
Para sussurrar baixinho
Ao lado do berço
Do leito
As velhas botas
Descansando quietas
No mesmo chão de quartel
As miragens de glória
A mesma conduta
E os sorrisos de papel
As velhas lutas
Os mesmos direitos
A mesma explosão
A mesma fortuna
Valiosa permuta
De notas em vão
O mesmo espírito
De aspirar horizontes
Novo modo antigo
De beijar
A face a boca
Da solidão
O velho andar pra frente
Um antigo respirar
Em um plano de fundo ausente
Uma nova maneira de usar
A velha visão.
As velhas notas
Daquela mesma canção
As anedotas
Mesmas palavras
Para sussurrar baixinho
Ao lado do berço
Do leito
As velhas botas
Descansando quietas
No mesmo chão de quartel
As miragens de glória
A mesma conduta
E os sorrisos de papel
As velhas lutas
Os mesmos direitos
A mesma explosão
A mesma fortuna
Valiosa permuta
De notas em vão
O mesmo espírito
De aspirar horizontes
Novo modo antigo
De beijar
A face a boca
Da solidão
O velho andar pra frente
Um antigo respirar
Em um plano de fundo ausente
Uma nova maneira de usar
A velha visão.
quarta-feira, fevereiro 04, 2009
Tarde de Mais
Luzes, carros, sirenes, vultos, gritos, caos, noite e de súbito; silêncio.
Cambaleou pela calçada, acompanhando a água do meio fio, que corria mais ligeira do que ele. Chovia pouco, o que indicava que o dia amanheceria nublado; não se importava, já estava encharcado.
Com as mãos enfiadas dentro dos bolsos da jaqueta surrada, sentia-se invencível, pelo menos por fora.
Pisava duro na estrada de pedestres, imunda cheia de poças e lixo. Passava por pessoas felizes saindo de lugares estranhos, porém ninguém passava por ele.
Um sorriso idiota e perdido escapou da sua cara de chapado. Algumas luzes ainda piscavam na sua mente, outras tantas anunciavam o local que estava procurando.
Entrou no prédio velho e acabado, amassado dentro de outros tantos mais acabados ainda.
De dois degraus que subia da escada, descia um.
Buscou as chaves, buscou o buraco da fechadura. Passou pela porta, sem buscar o interruptor. Todas as luzes sumiram, todas as imagens se fundiram em um misto de loucura e sonho.
Acordou com uma faixa de luz em seu rosto, que entrava por uma fresta da janela velha de seu quarto. Observou a poeira dançando sobre a furtiva luz.
Revirou-se na cama, já era tarde. Tentou lembrar-se dos sonhos redentores que havia tido, algo que pudesse salvá-lo daqueles próximos dias;Sem êxito.
Respirou fundo como que não se importava, ou fazia que não.
Andou pelo o que um dia tinha chamado de lar, silencioso, arrastando os pés e passando as mãos no rosto amassado. Nada de importante, só mais um dia.
Chegou naquilo que ele chamava de sala, onde também servia de cozinha.
Sentou-se em seu sofá vermelho, parecia mais sujo do que antes, mais acabado do que antes, porém, não podia culpar o tempo.
Arregalou os olhos sonolentos, bocejou e se espreguiçou acordando os músculos do seu corpo. Passou os olhos pelo lugar e observou a janela em sua frente; Sua visão sempre topava com um velho prédio, sempre em reforma. Ouviu o barulho dos carros lá embaixo. Ainda sentado encostou o pescoço no sofá e observou o teto. Mais uma rachadura.
Com os olhos fechados, respirou fundo. E antes que voltasse a dormir, subitamente levou seu tronco para frente, encostando seus cotovelos nos joelhos. Na mesa de centro, um último maço, com uns dois cigarros dentro.
Pegou o maço e sacou o cigarro como quem saca uma velha arma, que sempre ajuda em certas situações; riscou o fósforo, e o cheiro da pólvora queimada misturou-se com o cheiro do forte cigarro vermelho que fumava.
O primeiro cigarro sempre tem um sabor característico. Logo seu estomago ficou embrulhado e ficou com vontade de vomitar.
Sua cabeça ainda doía devido à ressaca e a fumaça que saia dos seus pulmões, flutuava devagar e densa pela sala, demorando para desaparecer devido ao clima úmido, do dia nublado lá fora.
Chegava até ser um pouco poético, se não fosse tarde de mais para poesia.
Ousou conferir o horário no relógio e verificou:
Realmente, tarde de mais.
Sua poesia tinha ido embora já havia algum tempo, pela mesma porta que entrara, totalmente fora de orbita na noite passada.
Deu mais alguns tragos, e foi em direção à janela. Apoiou os braços no batente e lembrou-se da ultima vez que ela estava sentada ali, naquele sofá,atrás dele. Não queria pensar nisso, mas era inevitável.
Inclinou o corpo para ver a rua, á três andares abaixo. Reparou nos varais pendurados nas janelas dos prédios velhos.
Coçou os cabelos desgrenhados e virou-se. De costas para o mundo lá fora, olhou para o sofá, para seu apartamento, para as trincas na parede, para a sua vida.
Via toda aquela tralha, bagunça e sujeira, tal qual seu estado de espírito. Sem se importar jogou o cigarro pela janela, pois não havia mais espaço no cinzeiro.
Ficou um bom tempo sem piscar olhando tudo aquilo. Escutava o som ambiente da cidade lá fora, escutava o monstro que nunca se calava.
Nada daquilo tinha graça sem ela por perto.
Ela foi e ele ainda tentando se ocupar com coisas banais, na tentativa vã de não pensar nela.
Aquele lugar não era mais o mesmo sem ela, sem cada centímetro do seu corpo preenchendo aquele espaço, preenchendo a sua vida, mas as coisas acontecem assim, não é como num conto de fadas.
Ele sabia que tudo aquilo que sentia, não ia passar tão cedo, essas coisas, se fossem fáceis de esquecer, não seriam tão importantes.
Foi pro banheiro que ainda cheirava azedo e tomou um banho demorado.
Pegou o que conseguia levar, sua jaqueta, maço com o ultimo cigarro e o violão.
Bateu nos bolsos da jaqueta verificando se estava tudo em ordem, buscou seus óculos escuros que estava jogado em cima de algumas fotos espalhadas, logo ao lado da cama. Não fazia sol, mas iria precisar dele.
Pegou uma foto dela, a que ele gostava mais, e guardou no bolso de dentro da jaqueta.
De frente para a porta, por um instante, respirou fundo. A porta daquela espelunca bateu pela ultima vez.
Ele foi para algum lugar. E ela foi para o outro lado.
segunda-feira, janeiro 19, 2009
De repente.
Certas coisas se tornam efêmeras durante o intervalo do café.
E... O que torna o intervalo do café tão importante para transformar alguns pensamentos dentro de você? Ora, o café é saboroso e o intervalo seguido de um café o torna mais saboroso ainda, porém, o que eu digo é que há um momento na vida em que algo muda. Simplesmente algo muda, aquela visão das coisas se transforma.
De repente aquilo que a tempos se pensava tanto, não faz o menor sentido, ou ainda faz tanto sentido, que no intervalo do café, naquele momento que talvez não poderia ser qualquer outro, naquele simples momento você percebe que agora sim, está sentido.
O que eu digo não é algo redentor, que aflora na pele, algo que faça brotar lagrimas ou gargalhadas incontidas seguido de saltos e passos acelerados. Talvez seja até mais poderoso, é uma coisa consciente, não é uma surpresa. Vem leve, vem simples como o intervalo do café. Você olha e esta ali, surge com um sorriso prosaico, passos leves, sem alterações no batimento cardíaco.
As coisas ficam mais claras, algo no universo muda, ali, naquele segundo. E no transformar de algo dentro de você implica na mudança de muitas outras coisas, pois tudo tem uma ligação com o que quer que seja. O mundo, a sua existência, seus passos, seu café e diversos outros fatos e pensamentos provenientes de pequenas conclusões durante seu cotidiano.
Posso descrever, ainda que não fielmente, essa sensação, porem nunca poderia explicar o que senti.
Se um dia alguém sorrir para você, e você simplesmente sorrir de volta, ai sim, essa seria a explicação perfeita e espero que possa entender.
Bom, eu defendo o intervalo do café, pois estou escrevendo isso e meu café esta esfriando ao lado, mas isso pode acontecer em qualquer outro momento, no desembrulhar de uma bala, calçando os sapatos, tomando um suco, acendendo um cigarro, pegando o ônibus.
São momentos pessoais, são momentos próprios onde o mundo se faz quintal por debaixo dos seus passos. São momentos onde só você existe por ali, momentos automáticos que quando algo desse acontece você percebe o que está fazendo, e aquele momento adquiri um valor considerável que simplesmente você termina o que começou, e quando novamente você volta os olhos para o mundo, você não é mais o mesmo.
Hoje não sou mais o mesmo depois desse intervalo do café. Ele me mudou, e eu, o mudei.
Agora irei terminar de tomar meu café ali fora e pensar sobre tudo isso.
Obs.: Dan terminou de tomar o café antes que concluísse o texto. E conclui o texto escrevendo essa Observação.
E... O que torna o intervalo do café tão importante para transformar alguns pensamentos dentro de você? Ora, o café é saboroso e o intervalo seguido de um café o torna mais saboroso ainda, porém, o que eu digo é que há um momento na vida em que algo muda. Simplesmente algo muda, aquela visão das coisas se transforma.
De repente aquilo que a tempos se pensava tanto, não faz o menor sentido, ou ainda faz tanto sentido, que no intervalo do café, naquele momento que talvez não poderia ser qualquer outro, naquele simples momento você percebe que agora sim, está sentido.
O que eu digo não é algo redentor, que aflora na pele, algo que faça brotar lagrimas ou gargalhadas incontidas seguido de saltos e passos acelerados. Talvez seja até mais poderoso, é uma coisa consciente, não é uma surpresa. Vem leve, vem simples como o intervalo do café. Você olha e esta ali, surge com um sorriso prosaico, passos leves, sem alterações no batimento cardíaco.
As coisas ficam mais claras, algo no universo muda, ali, naquele segundo. E no transformar de algo dentro de você implica na mudança de muitas outras coisas, pois tudo tem uma ligação com o que quer que seja. O mundo, a sua existência, seus passos, seu café e diversos outros fatos e pensamentos provenientes de pequenas conclusões durante seu cotidiano.
Posso descrever, ainda que não fielmente, essa sensação, porem nunca poderia explicar o que senti.
Se um dia alguém sorrir para você, e você simplesmente sorrir de volta, ai sim, essa seria a explicação perfeita e espero que possa entender.
Bom, eu defendo o intervalo do café, pois estou escrevendo isso e meu café esta esfriando ao lado, mas isso pode acontecer em qualquer outro momento, no desembrulhar de uma bala, calçando os sapatos, tomando um suco, acendendo um cigarro, pegando o ônibus.
São momentos pessoais, são momentos próprios onde o mundo se faz quintal por debaixo dos seus passos. São momentos onde só você existe por ali, momentos automáticos que quando algo desse acontece você percebe o que está fazendo, e aquele momento adquiri um valor considerável que simplesmente você termina o que começou, e quando novamente você volta os olhos para o mundo, você não é mais o mesmo.
Hoje não sou mais o mesmo depois desse intervalo do café. Ele me mudou, e eu, o mudei.
Agora irei terminar de tomar meu café ali fora e pensar sobre tudo isso.
Obs.: Dan terminou de tomar o café antes que concluísse o texto. E conclui o texto escrevendo essa Observação.
segunda-feira, janeiro 12, 2009
Premio Dardos

E espero que não tenha prazo de validade isso tudo.
www.cadernojota.blogspot.com
Fica meus agradecimentos.
E espero que funcione.
quarta-feira, janeiro 07, 2009
Intervalo
O reencontro depois do desencontro
O suspiro depois da corrida
O beijo depois da briga
A tosse depois do trago
A alma depois da morte
O silencio que antecede a melodia
O sorriso depois da apatia
O descanso depois do cansaço
O descaso depois do pranto
A atitude depois do verbo
O cigarro após o almoço
O alivio após o vento
A poesia que precede a inspiração
No intervalo da ação
O presente momento
O que seria do antes sem o depois
Nesse meio tempo
Escrito agora, o tempo inteiro.
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